Editorial

Uma solução improvável

Entra geração, sai geração. Turmas se formam. Passam e se vão governos e responsáveis por órgãos de segurança, mas um tema sem fim continua em Pelotas: há solução para a perturbação sossego que tanto incomoda os moradores da rua Gonçalves Chaves? Assunto que há anos, talvez décadas, divide opiniões, com argumentos sólidos em todas as vertentes.

O espaço é ocupado majoritariamente por jovens universitários que, no pós aula ou pós expediente, vão aos bares daquela que se tornou uma das principais zonas boêmias da cidade e costumam ficar horas por ali se divertindo. O problema é que, em muitos momentos, a situação se torna uma espécie de algazarra. Música alta, vozes exaltadas, falta de higiene em calçadas e, não sejamos ingênuos, algum consumo de drogas.

E é por isso que o outro lado desse debate tanto reclama. Deve ser de um pavor ímpar ter que conviver com, principalmente, barulho nas madrugadas. Ter que acordar cedo, estar acometido de alguma doença, ou mesmo apenas querer descansar e não poder, pois o alto volume é insuportável. Não tem como rebater de forma plausível qualquer um destes argumentos dos moradores da região.

E nessa eterna guerra que divide Pelotas entre os que entendem as queixas de quem ali mora, e quem defende a liberdade de ocupar espaços públicos de quem ali faz sua noitada, há um terceiro elemento: o poder público. Na última sexta-feira a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) recebeu um estudo sobre perturbação do sossego. A pesquisa, desenvolvida em 30 dias, aponta estratégias e foi feita pelo Observatório de Segurança Pública que diz ter ouvido todos os lados, como moradores, comerciantes, frequentadores e órgãos públicos. Há a promessa de desenvolvimento de um programa para pensar em estratégias e fortalecimento de fiscalização.

O tema levanta curiosidade - foi a matéria mais acessada no site do DP ao longo do final de semana e gerou debates acalorados nas publicações de redes sociais. Poucos dos internautas parecem ter fé em uma solução que não seja impopular. Os dois lados aparentam aguardar o poder público com dois carimbos na mão: um para taxar de omisso, outro para taxar de opressor.

Cabe, agora, ao Município, achar um terceiro caminho, que em parte surpreenda, já que realmente é difícil pensar em uma solução à situação que não seja impopular, nem inefetiva, como tantas outras que já foram tomadas, incluindo a tentativa do Código de Convivência e de uma adequação dos bares.

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